segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Mudanças do DSM 5

Olá pessoal, bem como tinha prometido vou colocar aqui as mudanças propostas pelo novo DSM 5, claro que ainda não tive tempo de ler e estudar todo ele, mas já dei uma boa olhada, pesquei algumas diferenças bem visiveis, e fora isso fui diretamente nas questões das mudanças que tem em alguns capítulos específicos do DSM...


Bem então vamos lá.

Novas Categorias:
Bem esse para mim foi a mais visível, pois a primeira coisa que faço ao abrir um libro é ver o sumário ou índice, e lá já fiquei bem enrolada, mas com o tempo percebi que senti na verdade que estava até melhor, melhor organizado, novas categorias que parecem mais esclarecedoras e tals. Próximo post trago tudo organizadinho para vocês verem, só não coloco nesse pq se não iria ficar enoooorme!!!

Questões do desenvolvimento:
Agora o DSM 5 leva ainda mais em conta as mudanças que alguns transtornos tem ao longo da vida. Além disso mantem uma organização cronológica na apresentação das patologias.

Novos estudos:
Obvio, mas vale salientar que foram realizadas novas pesquisas e também utilizados novos testes como os genéticos e de neuroimagens que não estavam disponíveis na época do DSM IV.

CID 10:
Ocorreu aqui uma tentativa de manter uma concordância com os disgnósticos da CID 10 e da 11  (provável lançamento em 2015), aonde é possível acompanhar em todo o livro o código do transtorno da CID 10 também.

Espectro Autista:
Agora temos esse transtorno, englobando além do transtorno autista, também o transtorno global do desenvolvimento e o transtorno de Asperger. Já que os prejuízos era muito semelhantes, envolvendo critérios extremamente parecidos foi feita essa fusão, visando facilitar esse diagnóstico e portanto tratamento.

Melhor distinção dos antigos transtornos do humor:
Agora é possível ver ambas as categorias dos transtornos unipolares e dos transtornos bipolares, com melhor distinção. Todos com maiores esclarecimentos e diferenciações.

Eliminação do abuso e dependência de substancias:
Tentado proporcionar uma clareza maior, principalmente pela quantidade de mal entendidos que ocorriam entre essas duas nomenclaturas o termo tornou-se mais amplo, optando-se por "Uso" de substância, mas mantem-se a separação por tipo de substância.

Transtornos neurocognitivos maiores e leves:
Aqui eles ganharam mais esclarecimento e especificidade, principalmente em decorrência dos novos exames de neuroimagens e afins. Eram os antigos "demências" e "doenças cerebrais orgânicas".

Transtornos de Personalidade:
É possível agora ver em um das ultimas sessões do DSM 5 uma especificação melhorada, inclusive para estudos, sobre os famosos traços de personalidade, antes não incluídos no manual.

Novos transtornos:
Também no fim do manual em uma sessão diferenciada, são apresentados novos transtornos, que embora não entrem na lista "oficial" do DSM 5, ainda podem ser percebidas como diagnósticos, porem é salientada a importância de mais pesquisas sobre o assunto.

Melhorias on-line:
Bem, essa eu não posso garantir, pois meu inglês é bem próximo a zero... mas aparentemente eles disponibilizam mais instrumentos e materiais no site, mas está em inglês.

Abordagem Dimensional:
Bem ainda temos aqueles famosos critérios diagnósticos, mas antes a resposta só podia ser sim ou não, por exemplo, apresentar desconforto físico, como dores de cabeça, ai a pessoa tem, mas é bem fraco e só as vezes, ela responde sim ou não? agora é possível perceber o meio termo também, o "um pouco" "nem sempre" "mais ou menos" das questões. Claro que não abandona totalmente o sistema categórico, mas possibilita novas formas de interpretação, obviamente o profissional tem que dominar muito bem o assunto.

Questões Culturais:
Nossa, essa aqui eu não nego que amei, claro que o antigo levava a cultura em consideração, mas o DSM 5 sem dúvidas aprofundou ainda mais, principalmente por estar mais atualizado segundo as novas pesquisas. Ai entram também a síndrome cultural, aonde algo é próprio ou não daquela cultura; o idioma cultural de sofrimento, aonde as formas de falar são diferenciadas; e a explicação cultural ou causa percebida, que é aquela explicação meio senso comum, mas que a própria cultura tenta explicar.

Diferença de gênero:
Novamente utilizando as novas pesquisas e exames, pode-se perceber essa inclinação para o sexo feminino ou masculino atualizada, seja por vezes alguma questão cultural, até mesmo corporal ou hormonal.

Queda do sistema multiaxial:
Agora não se vê os eixos separadamente, a ideia é unir tudo, não precisa mais ver o que é corpo, social, cultural, emocional, cognitivo, etc. os diagnósticos agora são feitos em uma unica coluna sem distinção, na tentativa de demonstrar como tudo está interligado. Contudo é possível ter o diagnóstico principal, aquele que causa maior prejuízo e/ou é o motivo da busca pelo atendimento. Cabe portanto ao profissional perceber e apontar da melhor forma possível.



Agora vou tentar explicar mais em tópicos pois pega mais diretamente os transtornos, lembrando que no próximo post, trago tudo na nova organização e depois aos poucos vou falando de cada um deles.

Transtorno do Neurodesenvolvimento:
Retardo mental substituído por deficiência intelectual.
Mudanças nos transtornos de comunicação.
Novos critérios para Transtorno de Atenção e Hiperatividade.

Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos:
Novos critérios para esquizofrenia.
Transtorno esquizoafetivo agora é longitudinal e não apenas transversal.
Transtorno delirantes não precisam mais ter delírios do tipo bizarro.
Catatonia pode ser diagnosticada em outros transtornos.

Transtorno Bipolar e Transtornos Relacionados:
Novos critérios

Transtornos Depressivos:
Transtorno distímico agora é denominado transtorno depressivo persistente
Novo diagnóstico de disruptivo da desregulação do humor
Novo diagnóstico Transtorno disfórico pré-menstrual

Transtornos de Ansiedade:
Agora sem o transtorno obsessivo compulsivo
Novos critérios para fobia específica e ansiedade social.
Agorafobia como diagnóstico distinto.
Adicionados transtorno de ansiedade de separação e mutismo seletivo.

Transtorno Obsessivo compulsivo e transtornos relacionados:
Inclui, transtorno de acumulação, escoriação e tipos de TOC.

Trantornos Relacionados a Trauma e Estressores:
Mudança nos critérios no transtorno de estresse agudo.
Reconceitualização nos transtornos de adaptação.
Novos critéios para TEPT.
Novos trantornos: transtorno de apego reativo e transtorno de intereção social desinibida.

Transtornos Dissociativos:
Trantorno de despersonalização/desrealização com esta nova nomenclatura.
Não tem mais a fuga dissociativa como transtorno.
Novos criterios em transtorno dissociativos de identidade.

Transtornos de Sintomas Somáticos e relacionados:
Nova nomenclatura da categoria, antes somatoformes.
Novos trantornos na categoria, ou que migraram, transtorno de sintomas somáticos, de ansiedade de doença, fatores psicológicos que afetam outras condições médicas.
Mudança nos critérios dos transtornos factício e conversivo.

Transtornos Alimentares:
Agora inclui alguns que eram da primeira infância, como a pica e ruminação.
Mudanças nos critérios dos demais transtornos.

Transtornos de Eliminação:
Sem grandes alterações, só que é uma nova categoria que abarca alguns dos antigos transtornos de inicio na infância.

Transtornos do Sono-Vigília:
Nova categoria
Agora com o transtorno de insônia.
Novos dados sobre narcolepsia.
Novas subdivisões.

Disfunção Sexual:
Agora com T. do interesse/excitação sexual feminino, t. da dor gênito-pélvica/penetração.
Podem ter especificadores de ao longo da vida ou situacional, além de adquirido ou generalizado.

Disforia do Gênero:
Nova categoria.
Novos critérios com separação por idade.
Novo especificar "após transição"

Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta:
Nova categoria.
Tras alguns transtornos diagnosticados a primeira vez na infancia,de conduta, comportamento disruptivo.
Engloba tambem personalidade Borderline, que também está em personalidade.
Novo agrupamento dos critérios de t. de oposição desafiante.

Transtornos Relacionados a Substâncias e Transtornos Aditivos:
Uso de, em vez de abuso e dependencia.
Indice de gravidade nos critérios.

Transtornos Neurocognitivos:
Novo trantornos neurocognitivo maior (TNM).

Transtornos de Personalidade:
Com uma outra sessão que avalia funcionamento e traços da personalidade.

Transtornos Parafílicos:
Especificadores "em ambiente protegido" e "em remissão completa".



Bem essas são as principais mudanças, deu pra pegar? Muito dificil? Não se preocupem, na proxima trago tudo na ordem do DSM 5 e como já tinha falado ao poucos vamos falando sobre cada uma delas, as pessoas podem achar que se encaixam em uma, duas, três, ou até mais, nessas horas gosto de lembrar da definição do que é o transtorno:

"... é uma sindrome caracterizadapor perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocioanal ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. [..] estão frequentamente associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam dificuldades sociais, profissionais ou outras atividades importantes. [..]"

Por isso é importante ver se aquilo está de alguma forma atrapalhando você, incomodando,causando algum tipo de sofrimento, e como falamos antes lá nos primeiros posts, de porque procurar um psicólogo, é importante perceber a necessidade interna de cada um e como um problema na esfera emocional pode e acaba causado sim muito sofrimento e é real.

Claro que muitos podem superdiagnosticar, apenas buscando aumentar os lucros farmacológicos, e ai está a importancia de procurar um profissional responsável que faça o diagnóstico buscando o bem estar do paciente. O diagnóstico é muito importante, pois alem de orientar até o profissional na terpia auxilia o proprio paciente a se compreender melhor, e começar a entender sobre o seu próprio funcionamento, que as muitas vezes é uma das coisas mais dificeis para nós seres humanos, o olhar para dentro.


Boa terapia a todos ;)





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