Para começar é claro que o assunto não poderia ser outro... tentei fazer na forma de perguntas e respostas, afinal são as perguntas que normalmente nos fazemos quando ainda não temos muitas informações sobre o assunto... se alguém tiver ainda alguma dúvida, ou viu alguma coisa errada, ou quer papear mesmo, fiquem a vontade nos comentários.
A maioria dos meus pacientes ao encerrar o primeiro
atendimento sempre fala: “Sabe eu tava com medo de vir, não sabia como era nem
o que devia falar ou que iria acontecer... mas é bem tranqüilo!”, ou frases do
mesmo estilo. Isso me remetia sempre a primeira vez q entrei num consultório de
psicólogo e a mesma angústia que eu sentia antes da sessão iniciar. Como estava
cursando a graduação queria também ter a experiência do atendimento, além é
claro dos professores sempre indicarem que é o melhor a fazer ( e é mesmo!).
Mas varias questões pipocavam na minha cabeça antes de eu finalmente encontrar
com a minha psicóloga, coisas como:
“O que eu vou falar pra ela?”
“Será que tem mesmo algo de interessante na minha vida?”
“E se ela me achar uma louca e mandar me internar?”
“Que vergonha! Não vou conseguir falar nada!”
“Ela vai ler a minha mente?”
E por ai vai... mas não é que a gente se surpreende mesmo ao
ver que o bicho de sete cabeças num passa de uma imaginação nossa. E sabe por
que o imaginamos? Pois infelizmente ainda estamos arraigados de preconceito
sobre a área. A profissão ainda é pouco explorada e costumamos ver na mídia os
psicólogos tratando de pacientes internados com camisa de força e tudo o mais
que tem direito, o legítimo louco estereotipado, isso quando o próprio
psicólogo não é apresentado como o maluco!
Mas eu não sou esse tipo de louco e não quero ser tratada
assim, então não vou chegar nem perto desse profissional, o que as pessoas vão
falar?!?!?
Bem, para começar o psicólogo está ai para atender diversos
tipos de públicos, de pessoas com transtornos bem severos até mesmo caso mais
brando, mas que se não tratados podem vir a ficar mais complicados. Segundo, um
psicólogo jamais fará algo que você não queira, o tratamento é dirigido a você
e você que manda e estipula o que quer e como quer; apenas em casos muito
graves o profissional pode entrar em contato com a família para resolver
problemas mais drásticos, sempre consultando o paciente. Terceiro, o psicólogo
é um ser humano como você, é por isso que consegue te compreender, ele não tem
poderes mágicos para entrar na sua cabeça e mudar tudo que ele quiser, a
mudança e a disposição à mudança vêm do paciente.
Ok, entendi, mas será que eu preciso mesmo?
Bem, se você precisa ou não isso tem que partir de você, um
psicólogo está ali para te ajudar com questões que você já tentou e não
conseguiu resolver sozinho, problemas persistentes que estão provocando algum
mal estar para você. Esses problemas podem estar ligados a qualquer área da sua
vida, problemas na relação conjugal, social, na escola, no trabalho, com a
família e com você mesmo. Os problemas são os mais diversos, mas muitas vezes
uma ajuda profissional pode ser de grande valia.
Mas tem como resolver só na conversa?
Ai está novamente um pouco do preconceito e de pouca informação. A escuta de um
psicólogo não é como a de uma amigo, por exemplo, ele não vai lhe falar “isso é
só coisa da sua cabeça”, “é só te empenhar mais um pouquinho”, “isso é culpa
tua”, etc. Com um psicólogo não há julgamento, o espaço é todo seu e ele não
irá criticar você. Sua escuta é especializada para isso e será sempre voltada a
sua pessoa. A “conversa” servirá para ajudar a organizar as questões internas
do paciente, ajudá-lo a se compreender melhor e assim sendo o julgamento ficará
a cargo de você e não do terapeuta.
Ok, mas como é o que eu tenho falar?
O que você tiver com vontade de falar. A ideia não é fazer
um interrogatório policial, mas criar um ambiente ao máximo acolhedor para
você.
Basicamente você chegará e pode ter que aguardar um pouco,
em seguida o psicólogo se apresentará e irá iniciar o atendimento. Como existem
diversos tipos de linhas teóricas e formas de atendimento pode ser que ele
resolva lhe explicar isso, até mesmo como serão os próximos atendimentos, caso
ele não o faça você pode perguntar para ele.
O primeiro atendimento costuma ser para conhecer o paciente
e planejar o tratamento. Talvez tenha algum tipo de ficha para preencher com
aqueles dados simples, como nome completo, idade, endereço, telefone, etc.
Provavelmente você será perguntado sobre o que espera ou que pretende trabalhar
na sessão, ou seja, sobre o motivo que o levou a procurar o atendimento. Assim
você falará sobre isso, caso fique sem mais o que falar não precisa se
preocupar, o psicólogo irá “puxar assunto” com você através de perguntas fáceis
de responder. O que ele quer é saber sobre você, todas as informações que você
estiver disposto a dar.
Tenho que deitar no Divã?
Isso você escolhe, isso se tiver um divã no consultório do
seu terapeuta. Pois é, nem todos são adeptos ao divã. Você será convidado a se
dirigir ao local que considerar mais confortável. Claro que existem algumas
linhas teóricas que são mais voltadas ao Divã, aonde o terapeuta fala pouco e
deixa o paciente falar livremente.
Como assim linhas teóricas, o que isso?
Bem a psicologia é uma área muito ampla, além dos diferentes
locais que se encontra atendimento psicológico também existem diversas linhas
que auxiliam a atender e compreender o paciente, por exemplo, tem a psicanálise
(essa você deve conhecer o Freud sabe?), o Psicodrama, a Terapia Comportamental
Cognitiva (to me especializando nessa), Gestald Terapia, etc. Aos poucos posso
ir trazendo alguns post sobre essas áreas para vocês compreenderem um pouco
melhor ;)
Pode ter pintado a duvida sobre qual a melhor então, isso
depende de você e do terapeuta, cada pessoa se adapta melhor a uma ou outra
linha, assim como a um ou outro psicólogo. Por isso é bem interessante saber
como é o atendimento que aquele terapeuta usa, que como foi explicado, costuma
ser feito lá na primeira sessão.
E se eu não gostar?
Ninguém irá lhe prender em uma terapia que está lhe
desagradando. É claro que algumas vezes você pode sair da terapia odiando seu
psicólogo, pois os conteúdos psíquicos muitas vezes são difíceis de lidar e
quando se sai muito mexido com essas questões internas pode vir a provocar
algum sofrimento, mas isso faz parte da terapia. As vezes temos que passar por
algo assim para ter uma melhora, é como passar remédio em algum ferimento,
machuca, dói, mas é importante pra ocorrer a melhora.
Fora isso tudo se você acha que a terapia não está surtindo
efeito nenhum a algum tempo você sempre pode discutir isso com o profissional
que lhe atende e se nada mudar é parar a terapia com ele e buscar outro que
você ache melhor, pois o modelo de terapia são diferentes e outro modelo pode
ser mais proveitoso para você. Por exemplo, tem terapias em que o psicólogo fala
bem pouco, deixando mais a cargo do paciente que fale e mantenha o diálogo,
como também existem terapeutas mais ativos que mantém a sessão mais dinâmica,
além daqueles que tem atividades que envolvem mais movimentação do paciente e
aqueles em que o paciente se mantém parado.
Contudo, infelizmente, como em qualquer meio, existem
também terapeutas que não são bons, que não são exemplo de profissionais, mas
que estão ai, o jeito é realmente procurar em outro lugar e não se abater ou
achar que todos serão assim, pois cada um é diferente do outro e uma
experiência ruim com um profissional nem de longe significa que todas serão
assim.
Mas tem que ir toda a semana? Por quanto tempo é isso?
Os atendimentos costumam ser semanais, mas pode ser mais
freqüentes ou menos, depende muito do paciente, a sugestão será dada pelo
terapeuta, mas cabe ao paciente aceitar ou não.
O tempo que dura uma terapia também está sujeito a demanda
que o cliente trás e ao tempo que ele precisa para assimilar tudo. Também entra
fatores como o modelo de terapia e questões do próprio terapeuta.
Todos conhecemos histórias de pessoas que estão a uma vida
em tratamento, ou acompanhamento psicológico, mas isso não significa que você
seja um desses casos. Como já mencionado o término está diretamente ligado ao
paciente e você sempre pode falar com seu terapeuta sobre isso.
Mas os valores são altos de mais!
Isso é uma questão pessoal. Você acha que não vale isso?
Podemos entrar em questões como o fato do ser humano estar cada vez mais
material e consumista, como a psicologia não é algo palpável acaba sendo
deixada em segundo plano, será que não estamos nos desvalorizando enquanto
indivíduos e nos tornando cada vez mais as roupas que vestimos, os moveis e
objetos que temos? Essa eu não respondo, vou deixar isso para vocês pensarem.
Vou me ater mais ao fato de que cada vez julgamos nossos
problemas como algo passageiro e que irá passar, empurrando tudo com a barriga
e esses problemas vão tomando outras formas e outros jeitos e nenhum acaba
realmente se resolvendo, principalmente internamente, afinal não pensar neles
não os resolverá. Muitas vezes estamos dispostos a ajudar os outros, vemos os
problemas deles e não os nossos, isso será que realmente ajuda? É muito
importante e válido olhar para si e o espaço terapêutico é perfeito para esse
feito.
Fora isso, sempre é possível negociar com o terapeuta, nem
sempre os valores são os mesmos, eles variam de profissional para profissional
e muitos são bem flexíveis para negociar. Mas lembre-se que somos profissionais
como qualquer outro, estudamos e nos aperfeiçoamos para ajudar você, ou seja, é
um preço até pequenos para um cuidado com você mesmo.
Aonde encontro um bom psicólogo?
Bem ai depende, não custa pedir ajuda a um amigo, perguntar
se ele tem indicações, pode olhar no site do CRP e ver os que estão
registrados, existem anúncios em diversos meios de comunicação. Essa é uma
escolha sua e espero que você encontre o melhor para lhe atender, pois uma das
melhores coisas do mundo é achar um psicólogo para chamar de seu!
Uma ótima terapia a todos
;)
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